Nascido em 1892, no distrito de Surrey, Inglaterra, Horace Ridler veio de uma família abastada e serviu duas vezes no exército britânico como oficial administrativo, saindo após a Primeira Guerra Mundial como major. Financeiramente devastado, ele resolveu dedicar-se ao show business. Em 1922, abordou um tatuador que se dizia chinês e começou a se transformar numa atração tatuada – com tatuagens bem cruas, conseguia uma vida modesta apresentando-se em casas  de show e feiras. Mas foi em 1927, quando visitou o famoso tatuador George Burchett, que Ridler deu início a sua grande transformação, planejando se tornar a maior atração tatuada do mundo moderno. O projeto era tão ousado que Burchett fez com que Ridler e sua esposa assinassem um termo de compromisso antes de começar a fazer as tatuagens, temendo que o sujeito se arrependesse.

Ao todo, o processo de cobrir o corpo de Ridler com listras negras levou cerca de 150 horas! Apesar de Ridler dizer, em entrevistas, que gastou $10.000 com as tatuagens, Burchett revelou que havia cobrado apenas $3.000 e que o valor nunca foi pago em sua totalidade. Cobrindo suas tatuagens anteriores, o motivo tribal ia da cabeça aos pés e a imagem de Ridler foi complementada com alargadores nas orelhas e no septo – este último feito por um veterinário. Ele também contratou um dentista para que lixasse seus dentes, deixando-os pontudos. Adotando o pseudônimo de The Great Omi, ou “O Grande Omi”. Também era chamado de “Homem Zebra”, por causa das listras pelo corpo, que lembravam os padrões existentes nos pelos do animal.

Logo recebeu propostas de diversos circos e shows e, com o passar dos anos, começou a incrementar sua vestimenta, usando também batom e esmalte nas unhas longas. Ao assinar seus cartões e fotos, sempre escrevia “Barbaric Beauty” (“beleza bárbara”).

Antes de entrar no palco, era apresentado por sua esposa, Gladys Ridler, que adotou a alcunha de The Omette. O número de The Great Omi consistia num monólogo, em que Omi contava grandes histórias sobre sua vida – era comum que os freaksinventassem histórias de vida mirabolantes e repletas de ação para conquistar e surpreender o público. Uma das histórias a respeito das modificações corporais de Omi seria a de que ele havia sido capturado na Nova Guiné e torturado por meio das tatuagens.

Em 1939, Omi e sua esposa chegaram a Nova York para se apresentarem na World’s Fair, que aconteceria no Queens. Junto com outras atrações contratadas pelo  John Hix’s Odditorium, eles foram vistos por mais de vinte milhões de visitantes e, logo depois, Omi foi convidado para se apresentar no Ripley’s Odditorium Theater, onde acontecia o Ripley’s Believe It or Not, antes de se tornar um programa televisivo (conhecido no Brasil como “Acredite se quiser”). Trabalhando para Ripley por seis meses como a estrela principal, Omi chegava a fazer nove ou dez shows por dia!

Em 1940, Omi viajou com os circos Ringling Bros. e Barnum & Bailey Circus e, em 1941, apresentou-se na Austrália, Nova Zelândia e Canadá. Em 1942, ele fez, ainda, uma turnê, antes de retornar à Inglaterra. Com o avanço da Segunda Guerra, tentou alistar-se novamente no exército, mas foi recusado por causa das tatuagens visíveis. Numa Inglaterra devastada pela guerra, Omi doou seus serviços, apresentando-se em eventos de caridade e em prol das tropas. Ele continuou a se apresentar até o início da década de 1950, aposentando-se no auge da fama. Faleceu em 1969 em Sussex.

Fontes: 

  • http://www.tattooarchive.com/tattoo_history/omi_great.html
  • http://wiki.bme.com/index.php?title=The_Great_Omi
  • Texto original por Francine Oliveira no finado Tattoo Tatuagem

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