Eis aí uma pergunta muito presente e, por que não dizer, bastante polêmica na vida das pessoas tatuadas. A tatuagem vicia? Superstições e radicalismos a parte, que atire a primeira pedra, quem nunca foi questionado sobre o assunto ou nunca se pegou pensando na próxima tatuagem algumas horas depois de sair do estúdio com um rabisco novinho em folha.
Diversos estudos fisiológicos e psicológicos dão uma ajuda na hora de responder a essa pergunta. A medicina afirma que há, sim, uma possibilidade de que a tatuagem vire um vício. Isso porque, durante as sessões de tatuagem, o corpo libera uma grande quantidade de endorfina. Um estudo datado de 2009 e realizado da Universidade de Bohn, na Alemanha, analisou o cérebro de 10 corredores assíduos antes e depois de uma corrida de duas horas de duração. As corridas, assim como as sessões de tatuagem, liberam uma alta concentração de endorfina no organismo. Imagens da região cerebral dos participantes mostraram que áreas ligadas à emoção e ao prazer foram ativadas graças à liberação de endorfina em seus organismos. Isso acontece porque a endorfina é um hormônio neurotransmissor – liberado normalmente durante a prática de exercícios físicos – que melhora a memória, o sistema imunológico, o humor, a disposição, aumenta a resistência e alivia as dores. O último benefício citado é, justamente, o pontapé inicial para a chamada “dor prazerosa e viciante” que só quem é tatuado conhece. A cada agulhada, uma sensação de prazer e fortalecimento gerada pela alta taxa de endorfina no sangue. Há, inclusive, um discurso famoso acerca do assunto:
“Para alguns, ter sido tatuado é uma espécie de cura. Adquirir uma tatuagem de grande proporção leva tempo e gera sofrimento, e isso vai ser um amadurecimento como ser humano. Você estará aprendendo a experimentar e superar dor. É como se a cada perfurar da agulha você ficasse mais forte e mais completo.”
E os motivos não param por aí. De acordo com estudos de cunho psicológico, como uma pesquisa realizada na Universidade Goettingen de Berlim, Alemanha, acerca das motivações relativas às tatuagens, os indivíduos tatuados são mais notados socialmente e, muitas vezes, sentem-se mais atraentes e seguros de si, de sua imagem, de seus princípios, de sua personalidade e, em alguns casos, até mesmo de sua espiritualidade, ao fazer uma nova tatuagem.
Apesar desses e de diversos outros estudos acerca da relação entre tatuagens e vícios, o vício em tatuagem não é comprovado cientificamente e, no final das contas, nós sabemos melhor do que ninguém que as sensações e os significados acerca das tatuagens variam muito de pessoa para pessoa. Nunca vi alguém cheio de tatuagens que, ao ser questionado sobre o possível vício, respondesse que já planeja a próxima tattoo simplesmente porque “não consegue parar”. Há muitos outros fatores pessoais envolvidos nessa decisão. E, para aqueles que não tem apenas a pele, mas a alma igualmente tatuada, acredito que a tattoo seja um estilo de vida e não um vício.
A verdade é que, na maioria dos casos, vício ou não vício, após a primeira vem a vontade da segunda. Após a segunda, diz a lenda que é bom fazer a terceira, já que tatuagens em número par não trazem sorte. E que a pele já “coça” em busca de mais e realmente “coça”.
Opinião do autor
Para o meu estilo de vida, particularmente, isso é um ótimo sinal. Deixo a minha pele coçar com todo o prazer, como um sinal de que é chegada a hora de planejar aquela nova ideia que, em breve, entrará pra minha coleção única e particular de rabiscos.
E para você, tatuagem pode ser considerada um vício?
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